Texto: JUNTANDO OS CACOS

JUNTANDO OS CACOS

Junte os pedaços, erga a taça e faça um brinde à solidão, ela te contempla. Chore se for preciso, eleve sua dor ao máximo. Maximize, chore outra vez, olhe para o lado, veja o teu mistério, corpo inquieto, mente fervente. Escreva o que deseja, sonhe o que pode ser, revele teu segredo, busque o invisível numa fria madrugada pela estrada que não tem fim. Viva teus momentos, saliente tua divida eterna, cobre seus devedores e pague com sangue teus pecados. Aguarde a transcendência, explique e exemplifique um de teus poemas. Seja você amanha, já que hoje não é ninguém. Seja sincero, não minta a quem te engana com sorrisos abertos. Não se console ao pé de uma roseira, sinta o frio que não existe e o calor que não deseja. Tome essa taça de vinho e engula com ela todas as tuas magoas. Tome esta taça de vinho e chore, chore em tua cama o teu tempo perdido.

(Lucimar Simon)