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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Texto: O SAGRADO E O PROFANO

O Sagrado e o Profano: Uma breve avaliação

O entendimento sobre o que é sagrado e o que é profano está muito além deste pequeno texto. Buscamos aqui esboçar um pensamento, após uma leitura da obra citada ao fim desta avaliação, espero compreensão do leitor a minha ausência e pôr não detalhar todas as palavras ou não expor suas devidas explicações coisa que faço intencionalmente para aguçar no leitor o senso de busca por estas definições, e tendo assim um entendimento e ampliação de seu próprio conceito a cerca de assunto aqui abordado.

Boa Leitura

O espaço não é homogêneo para o homem religioso, o espaço está dividido entre duas concepções, uma profana, amorfa e outra sagrada. A não homogeneidade do espaço resultará em uma experiência indispensável que logo correspondera á formação do Mundo. A ontologia e a manifestação do sagrado formam as bases para a fundação do Mundo ideal, buscado infinitivamente pelo homem.

Dentro da experiência profana, o espaço é homogêneo e neutro. Nada diferencia as diversas partes de sua massa. O homem que decidiu por uma vida nesse espaço não consegue abolir completamente o comportamento religioso. Este comportamento o fará refletir sempre que por motivos extras esteja desviando sua conduta ao caminho tido propriamente com correto.

Tendo como vontade por em evidência a não-homogeneidade do espaço pode-se fazer apelo a qualquer religião. Escolhamos um exemplo ao alcance de todos: uma igreja. No interior desse recinto sagrado, o Mundo profano é transcendido. Destaca-se um território de meio cósmico que o envolve e o torna qualitativamente diferente.

Os homens ás vezes buscam em um pequeno sinal justificar uma manifestação sacra. Isto basta para indicar a visão de sagrada do lugar. Quando faltam estes sinais, o homem provoca-o, praticando pôr exemplo, uma espécie de “evocação” com a ajuda dos animais ou objetos inanimados. De toda forma, o ritual pelo qual o homem constrói um espaço sagrado é eficiente à medida que ele reproduz a obra dos deuses.

A caracterização das sociedades tradicionais é dada pela existência de dois lados, um “Cosmos” e um “Caos”. O sagrado funda o Mundo, no sentido de que foca os instantes máximos destes lados e através deles estabelecem relações, e com isso consolida que, “a ordem cósmica, ou seja, a cosmização dos territórios desconhecidos é sempre uma consagração”.

Logo uma das mais profundas significações do espaço sagrado é o “Centro do Mundo”, onde os três níveis cósmicos tornaram-se comunicantes. A montanha figura entre as imagens que exprimem a ligação entre o Céu e a Terra. O Mundo verdadeiro se encontra sempre no “meio”, no “Centro”, pois é aí que há ruptura de nível, comunicação entre as três zonas cósmicas. O homem religioso desejava viver o mais perto possível do Centro do Mundo.

Ao enfatizar que nosso Mundo é um cosmos, qualquer ataque exterior ameaça transformá-lo em caos, ou seja, toda destruição de uma cidade equivale a uma regressão ao caos. É bem provável que a defesa dos lugares habitados e das cidades tenha sido, no começo, defesas mágicas com apelos aos aspectos totalmente religiosos, então havendo a formulação de algo místico em torna das construções e habitações tidas com sagradas.

Toda a habitação é santificada, é sagrada, pois constitui uma imagem do Mundo e o Mundo é uma criação divina, coisa feita por uma força maior. Então, ela findada em um aspecto sagrado pelo próprio fato de refletir o Mundo. É por isso que se instala em qualquer parte significa criar o seu próprio Mundo e assumir a responsabilidade de mantê-lo. A habitação e o Universo que o homem construiu para si imitam a criação exemplar dos deuses.

Desde as grandes civilizações o Templo é também a reprodução terrestre de um modelo transcendente. É graças ao Templo que o mundo é restaurado na sua totalidade santa. Outra idéia é a de que a santidade do templo está ao abrigo de toda a corrupção. Terrestre, logo quem a ele se recorre estará protegido livres dos males.

Aqui temos a clareza que o Tempo também não é nem homogêneo e nem contínuo. Há os intervalos de tempo sagrado e os de tempo profano. É por meio dos ritos que o homem pode passar sem perigo da duração temporal ordinária para o tempo sagrado. O Tempo sagrado é por sua própria natureza reversível e, por isso, ele é indefinidamente recuperável e repetível deixando uma oportunidade de recuperação em caso de violação das divisas de tempo, onde as restaurações são aplicadas em cada tempo.

O homem religioso vive em duas espécies de tempo, das quais a mais importante é o Tempo sagrado. Mas este conhece intervalos que são sagrados, que não participam da duração temporal, que os precede e os sucede. Para o homem não religioso essa qualidade trans-humana do tempo litúrgico é inacessível. O cristianismo inovou a experiência e o conceito do tempo litúrgico ao afirmar a historicidade da pessoa de cristo.

É o mito que revela como uma realidade veio á existência. É o mito cosmogônico que relata o surgimento do cosmos. Ora a cosmogonia é a restaurada pelo Ano Novo, o que implica numa retomada do Tempo em seus primórdios, ou seja, na restauração do Tempo primordial, do tempo puro. E a abolição do Tempo profano realizava-se por meio de rituais que significavam uma espécie de “fim de mundo”. A vida não pode ser reparada, mas somente recriada pela repetição simbólica da cosmogonia.

Periodicamente o homem religioso torna-se contemporâneo dos deuses, na medida em que restaura o tempo primordial no qual se realizaram as obras divinas. Se o homem religioso sente necessidade de reproduzir indefinidamente os mesmos gestos exemplares, é porque deseja e se esforça por viver muito perto de seus deuses. Esse desejo de viver na presença divina e num mundo perfeito corresponde a nostalgia de uma situação paradisíaca.

O mito conta uma história sagrada. Uma vez revelado, torna-se verdade apolítica: funda a verdade absoluta. Tudo o que pertence á esfera do profano não participa do ser, visto que o profano não foi fundado ontologicamente pelo mito, não tem modelo exemplar. O homem só se torna verdadeiro homem conformando-se ao ensinamento dos mitos, imitando os deuses.

Um aspecto do mito que convém sublinhar é o fato de que ele revela a sacralidade absoluta porque relata a atividade criadora dos deuses. A função mais importante dos mitos é fixar os modelos exemplares de todos os ritos e de todas as atividades humanas significativas.

A festa religiosa é a atualização de um acontecimento primordial, de uma “História Sagrada”, cujos atores são os deuses ou os Seres semidivinos. Ora a “História Sagrada” está contada nos mitos. É pela atualização dos mitos que o homem religioso esforça-se por se aproximar dos deuses e participar do ser. O verdadeiro pecado é o esquecimento.

Nas religiões arcaicas e paleorientais, o tempo era equiparado a ilusão cósmica, o eterno retorno à existência, significava o prolongamento indefinido dos sofrimentos. Já para o judaísmo o tempo tem um começo e terá um fim. A idéia de tempo cíclico é ultrapassada. O cristianismo vai ainda mais longe à valorização do tempo histórico, pos conduz a uma teologia e não a uma filosofia da história, pois as intervenções de Deus na história têm uma finalidade trans-histórica.

Para o homem profano a natureza nunca é exclusivamente natural: está sempre carregada de um valor religioso. Para o homem religioso, o “sobrenatural” está indissoluvelmente ligado ao “natural”.

A história dos Seres supremos de estrutura celeste é de grande importância para a compreensão da história religiosa da humanidade como um todo. O fato que nos parece capital é que os Seres supremos desestruturam o celeste, têm tendência a desaparecer do culto. O fenômeno do “afastamento” do Deus supremo revela-se desde os níveis arcaicos de cultura. O “afastamento divino” traduz na realidade o interesse cada vez maior do homem por suas próprias descobertas religiosas, culturais e econômicas.

Mesmo quando a vida religiosa já não é dominada pelos deuses celestes, as regiões siderais, o simbolismo uraniano, os mitos e os ritos de ascensão conservam um lugar preponderante na economia do sagrado. Isso porque o sagrado celeste permanece ativo por meio do simbolismo. Um exemplo disso pode ser o simbolismo aquático. As águas simbolizam a soma universal das virtualidades.

Os padres da igreja não deixaram de explorar certos valores pré-cristãos e universais do simbolismo aquático, com o risco de os enriquecerem de significados novos, relativamente à existência histórica do cristo. O “homem velho” morre por imersão na água e dá nascimento a um novo ser regenerado.

A fé cristã está suspensa de uma revelação histórica: é a encarnação de Deus no tempo histórico que assegura aos olhos do cristão, a validade dos símbolos.

É a Terra Mater ou a Tellus Mater que dá nascimento a todos os seres. A crença de que os homens foram paridos pela Terra espalhou-se universalmente. Da mesma forma que a criança é colocada no chão logo após o parto, a fim de que sua verdadeira mãe a legitime e lhe assegure uma proteção divina, também os moribundos são depostos na terra.

A mulher relaciona-se, pois, misticamente com a Terra: o dar à luz é uma variante, em escala humana, da fertilidade telúrica. Em algumas religiões acredita-se que a Terra-Mãe é capaz de conceber sozinha, sem o auxílio de um companheiro. Em outras religiões, a criação cósmica, ou pelo menos sua realização, é o resultado de uma hierogamia entre o Deus-Céu e a Terra-Mãe.

Os mitos e os ritos da Terra-Mãe exprimem sobre tudo as idéias de fecundidade e riqueza. Trata-se de idéias religiosas, pois os múltiplos aspectos da fertilidade universal revelam, em suma, o mistério da geração, da criação da vida. O mistério da inesgotável aparição a vida corresponde á renovação rítmica do Cosmos, cujo modo de ser, e sobre tudo sua capacidade infinita de se regenerar, é expresso simbolicamente pela vida da árvore.

A imagem da árvore não apenas simboliza o Cosmos, mas também exprime a Vida, a juventude, a imortalidade, a sapiência. A árvore sagrada ou as plantas sagradas revelam uma estrutura que não é evidente nas diversas espécies de vegetais concretas.

Será interessante mostrar, com a ajuda de um exemplo preciso, as modificações e a deterioração dos valores religiosos da Natureza. E poderíamos procurar este exemplo na China por duas razões lá, assim como no Ocidente, a dessacralização da Natureza é obra de uma minoria, principalmente de letrados, Contudo, na China, esse processo de dessacralização nunca foi totalmente levado a cabo.

É preciso enfatizar que jamais assistimos a uma total dessacralização do Mundo, pois, no Extremo Oriente, o que se chama de emoção estética conserva ainda uma dimensão religiosa.

Falamos aqui de apenas alguns aspectos da sacralidade da Natureza. Não podemos falar dos símbolos e cultos solares ou lunares, nem do significado religioso das pedras e do papel religioso dos animais. Cada um desses grupos de hierofanias cósmicas revela uma estrutura particular da sacralidade da natureza; ou mais exatamente, uma modalidade do sagrado expressa por meio de um modo específico de existência no Cosmos.

Mas como compreender e tornar compreensivo os diversos fatores religiosos e os comportamentos dos homens a elas ligados, porem a religião pode ser para o homem moderno confundido com o cristianismo.

Sabemos que o conceito de religião é muito mais profundo, amplo, chegando a impossibilitar toda a absorção do homem de seu conhecimento.

Em vários locais do mundo as religiões estão fundamentadas e sacramentadas em alguns casos, e verdades sobre elas habitam o interior dos homens que a elas são doutrinados e nela traçam seu caminho.

Conhecer as religiões, saber algo sobre sua fundação não é suficiente para deter todo argumento a critica de sua direção ou afirmação de atos ou pregações.

O que fica claro é a suplementação que o homem religioso tem, e sua concepção quanto aos fatos a que ele atribui com coisa sagrada fica á seu critério a sacralização das coisas e objetos que detêm em seu poder ou ciclo de influencia.

O homem arcaico tem a total crença que a vida pode ser santificada, e os meios de obterem essa santificação são múltiplos, porém o resultado é quase o mesmo, á vida é vivida num plano duplo.

Para tanto alguns em determinados campos ficam menos entendidos como retos em seus ritos, como exemplo tem: O “cristianismo urbano”, onde os valores ficam deturpados, distorcidos nas concepções da religião, isso é encardo como aberturas nos dogmas religiosos.

Em relação ao religioso clássico o religioso moderno manifesta se diferente em alguns sentidos, estes logo ficam evidentes no tratamento de sua casa, seu corpo, sua igreja, e outros, a eles são atribuídos novos valores, ou retirados, ou negligenciados valores seculares para a religião.

Uma luta entre a “escuridão” e a “luz” ainda permeia a mentalidade dos religiosos e do homem em si, sempre em conflito com algo maior que ele próprio, e isso o faz manter se forte na lívida passagem por este mundo, e sua transcendência é a recompensa dos valores investidos em vida terrena.

Como tudo na religião não seria diferente, logo ela também pode ser feita de escolhas e estas definem quem passa para o segundo plano, e seu caminho para isso torna se definido pela “porta estreita” e esta é escolhida só pelos retos e sua provação é longa.

As religiões estão carregadas de ritos de passagens, geralmente ocorrem sempre na transição de idades dos homens desde que saem do útero materno onde é apresentado á sociedade, mas tarde tem a juventude, e após a idade adulta a qual corresponde a sua máxima plenitude, sua idade maior no âmbito religioso.

Sobre a iniciação geralmente comporta uma tripla revelação: o sagrado, a morte, e sexualidade, a criança ignora todas essas experiências o iniciado as conhecem, assumem, e integram em sua nova personalidade.

As cerimônias constituem boa parte do ritual e isso se faz com diversos momentos e a separação da família está presente nos atos cerimoniais, afastamento do seu ciclo social que estão sempre ligados a misticismo e culto aos antepassados, a natureza e outros.

Os ritos de admissão em grupos masculinos também possuem muitas coisas provas e produzem os mesmos quadros de iniciação, porem com maior ênfase nas sociedades masculinas, e como sabemos isso já é uma seleção a qual estão incluídos.

Com as mulheres a iniciação começa com a menstruação, ah também o afastamento do grupo familiar, sendo ela imediatamente isolada, separada da comunidade, ela é levada para um local especial, na selva ou um canto escuro da habitação.

A diferença entre o isolamento das meninas e dos rapazes é que com eles são em grupos, coletivos, e com as meninas isso acontece isolado uma em cada cabana ou quarto de isolamento, porém as mulheres também estão rodeadas de misticismo e outras crenças.

Conhecer as situações assumidas pelo homem religioso, compreender seu universo espiritual é, em suma, fazer avançar o conhecimento geral do homem. O homem religioso assume um modo de existência especifica do mundo, e apesar do grande número de formas históricas religiosas este modo é sempre reconhecível.

O homem profano querendo ou não esta ligado ao homem religioso e ele é sempre herdeiro do religioso, mantendo seus vestígios, ele não pode abolir totalmente o seu passado porque ele próprio é o passado, reinventado no presente atual.

A maioria dos sem - religião não são totalmente livres da religião e de seus comportamentos religiosos ou das teologias e mitologias. O processo de dessacralização da existência humana atingiu muitas vezes formas híbridas de baixa magia e de religiosidade simiesca.

A atividade inconsciente do homem moderno não o cessa de lhe apresentar inúmeros símbolos e cada um tem uma mensagem a transmitir uma coisa a garantir, segurar, confirmar, o equilíbrio desta psique ou restabelecer em seu lugar.

Em um âmbito tão pernicioso, tão evolutivo, ou menos sincronizado não sabemos individualmente qual é a regra que rege este universo, logo o sentimento de verdades religiosas não são concordantes em todas linhas e concepções, então deixamos para os próprios indivíduos decidirem seu futuro e suas intenções quanto a religiosidade e religião.

Bibliografia

Elíade, Mircea. O sagrado e o profano. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

(Lucimar Simon)

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