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domingo, 14 de dezembro de 2008

Texto: ALGUMAS MOTIVAÇÕES MATERIAIS E PSICOLÓGICAS QUE PROMOVERAM AS CRUZADAS

ALGUMAS MOTIVAÇÕES MATERIAIS E PSICOLÓGICAS QUE PROMOVERAM AS CRUZADAS

Apresentação

Este artigo foi elaborado com base na leitura de textos em sala de aula na Disciplina A Igreja Medieval do curso de História da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Tendo como Professora Kellen Jacobsen orientada pelo Professor Doutor Sérgio Alberto Feldman especialista em História Medieval.

As Cruzadas foram movimentos acontecidos na Idade Média, que teve diversas características e motivações materiais e psicológicas para seu acontecimento. Sendo ela retratada numa sociedade feudal fundamentalmente agrária em sua economia e no seu “modo de produção” de alimentos e artigos em geral.

Entre as motivações matérias vão se destacar uma baixa atividade mercantil alocada em feudos particulares, a comercialização sentia necessidade de uma expansão que se nota com o surgimento dos núcleos urbanos e uma nova “classe social” em torno dos castelos dos senhores feudais.

A condição individual aqui é definida por Deus, logo clérigos, nobres (guerreiros), servos, “pobres” e artesãos com essa condição determinada por uma ordem divina que era atribuía o nome, “sociedade de ordens”. A relação entre essas ordens era o que mantinha o funcionamento da sociedade feudal em vitaliciedade e hereditariedade, não havendo aqui mobilidade social “nenhuma”.

O crescimento demográfico veio também impulsionar uma melhoria nas qualidades básicas de vida. Com este avanço na população a Europa não consegue em suas terras resguardar todos os indivíduos. Outras questões também tiveram importância para a diminuição da mortalidade e o aumento da natalidade, não havia mais epidemias, nem as invasões estrangeiras o que deixou a Europa em uma relativa paz por longo período. Logo, onde produzir alimento para essa população, onde alocar este contingente humano.

O aumento populacional produzia estes guerreiros, e as cruzadas seriam assim abastecidas de indivíduos em busca de terras e um lugar para se fixar com sua família.

O comércio vem ser outro fator importante no avançar das cruzadas, estando este relacionado a novas técnicas agrícolas e um crescente aumento de excedente que permitia aos europeus comercializar com outros povos por bens que não produziam. (seda, perfumes, condimentos, temperos, etc.), assim o comércio segue se a expandir a partir de núcleos importantes como as cidades italianas com Veneza e Genova, que alem de uma ótima posição geográfica eram desprovidas de boas áreas para a plantação, daí a necessidade da comercialização. Comercializando com todo o Oriente era grande o fluxo de pessoas aos longos das rotas comerciais logo o contato entre os povos abre precedentes que vão influenciar as cruzadas.

A transformação da sociedade de ordens para uma sociedade estamental foi lenta e gradual, a mobilidade social foi aos poucos acontecendo, no entanto manteve se a divisão em camadas. Este contexto social vai proporcionar e fomentar disputas dentro da sociedade européia causando conflitos locais ou regionais, pois cada região passou a ter uma característica própria, uma certa diferença entre elas elementar é a produção e comercialização de gêneros ou artigos detendo um controle, um monopólio.

Com motivos sociais e religiosos os ladrões, hereges, mendigos, e outros excluídos eram persuadidos para a campanha das cruzadas, e como afirmam alguns autores assim a Europa teria alguns períodos de paz ao encaminhar estes indivíduos combate nas cruzadas.

Nos conflitos por novas terras cultiváveis uma parcela da nobreza desprovida dessa vão movimentar em prol de adquiri-la a qualquer custo, incluindo guerrear entre eles e tentar mobilizar o poder político em seu favor.

A Igreja era a maior prejudicada pelas constantes guerras e logo vê se obrigada a criar uma maneira de resolver estas questões, buscou pacificar determinando regras para os combates, “Paz de Deus e Trégua de Deus”, não obtendo êxito a Igreja vai promover as cruzadas encaminhando os nobres guerreiros para o Oriente resolvendo assim partes dos problemas políticos.

A crise política que a Igreja estava era o “Cisma do Oriente” uma separação entre Ocidente e Oriente, logo essa cruzada seria um meio de pressão na tentativa de submeter á Igreja do Oriente ao Ocidente e resolver as questões das guerras internas por terras na Europa.

Não obstante existiam as questões psicológicas que também vão movimentar os contingentes de cruzados em direção ao Oriente. Aqui uma forte questão é a religiosidade uma coisa muito forte na Idade Média que é pautada na dualidade do “bem e do mau”, Deus e o Diabo tal visão de mundo vai permear a sociedade feudal remetendo em religiosidade e levando vários indivíduos a combater o mau aqui personificado nos infiéis nos muçulmanos, nos árabes e outros povos do Oriente.

Usaram para argumento de um “contrato” entre Deus e o individuo a qual o segundo compromete-se a manter o primeiro, protegendo, e lutando, morrendo por um Deus maior que sua vontade. Essa idéia seria utilizada em todos os movimentos das cruzadas e será um dos maiores apelos da Igreja para atingir seus objetivos. Usando e transferindo valores matérias a valores espirituais, levando a emoção ao extremo para combater os infiéis.

Hilário Franco Junior[1] “a concepção de Cristo como Senhor feudal que exige o serviço de seus vassalos foi formulado de maneira clara na Bula Quia Major escrita pelo papa Inocêncio III em Abriu de 1213”. Esse era o contrato feito entre seu vassalo e Deus e este não poderia ser quebrado, a peso de o individuo ao negar-se cumprir não alcançaria a gloria eterna ao lado do Deus todo poderoso. O contratualismo era um elemento da mentalidade por isso ultrapassa as relações interpessoais e inter-humanas. Franco Junior vai dizer que o contrato era comum a todos os homens da época.

Com todos os argumentos anteriores a “Guerra Santa” vai fundamentalizar toda essa síntese dando as ultimas características de legitimidade das cruzadas. Com a afirmação que essas cruzadas eram obras santas de Deus os clérigos vão ganhar forças e agremiar mais indivíduos aos movimentos cruzados. Aqui o Caráter da santidade é que guia as cruzadas, sendo nomeada com “Guerra de Deus”, torna se mais que um fato político e militar era uma coisa divina, logo deveria estar aberto a todas as pessoas independente de sua situação ou condição social.

Bibliografia

FRANCO JUNIOR, Hilário. A Idade Média. Nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2006.

FRANCO JUNIOR, Hilário. As Cruzadas. Guerra santa entre Ocidente e Oriente. São Paulo. Moderna, 1999.

http://sistemas.usp.br/atena/atnCurriculoLattesMostrar?codpes=52558#Idiomas

[1]Historiador fez, bacharelado na USP (1976), doutorado na mesma universidade (1982) e pós-doutorado com Jacques Le Goff na École des Hautes Études en Sciences Sociales (1993). Especialista em Idade Média ocidental, seus interesses estão voltados particularmente para a cultura, a sensibilidade coletiva e a mitologia daquele período, bem como para as reflexões teóricas que fundamentam tais pesquisas. Dedica-se também à História Social do Futebol.

(Lucimar Simon)

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