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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

COMO FAZ BEM ESTAR NO MEIO ACADEMICO...

OS DIAS ATUAIS

Nos dias 19, 20 e 21 de Novembro está acontecendo o Encontro Nacional de Professores e Profissionais de História, sendo promovido pela ANPUH. (Em 19 de outubro de 1961 foi fundada, na cidade de Marília, Estado de São Paulo, a Associação Nacional dos Professores Universitários de História, ANPUH. A entidade trazia na sua fundação a aspiração da profissionalização do ensino e da pesquisa na área de história, opondo-se de certa forma à tradição de uma historiografia não-acadêmica e autodidata ainda amplamente majoritária à época).
A ANPUH publica semestralmente, a Revista Brasileira de História, uma das mais respeitadas publicações da área de história no país e, desde 2003, a revista eletrônica História Hoje.

O ciclo de palestras está tendo como palco a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

Ontem fomos presenteados com a presença do nosso ilustríssimo Prof. Dr. Rogério Rosa Rodrigues (UFRJ), o qual foi acompanhado a mesa pelo Prof. Dr. Fábio Murici dos Santos (UFRJ) atual professor da (UFES), entre outros.

O tema abordado nas palestras de ontem 20/11/2008, "A interdisciplinaridade entre a História e a Literatura", sendo em evidencia o uso da literatura pela história como ferramenta para se compreender as sociedades de épocas em diversos aspectos.

Mas o que não leva até a literatura? O que poderia ter essa com a questão nacional? De que maneira poderia contribuir com a nação? No século XIX, seja no Brasil, seja nos demais paises ocidentais, a literatura, vista dentro das amarras acadêmicas, vivia a sua fase romântica. O romantismo caminhava de mãos dadas com os projetos nacionais, contribuía no sentido de dar cores aos paises, a unificar uma língua pátria, divulgar idéias, a imaginar uma nação.

"Ao verme que primeiro roerá as frias carnes do meu cadáver, dedico com saudosa lembrança estas breves linhas". (Machado de Assis)

Com a palavra o Prof. Dr. Rogério Rosa Rodrigues, fez uma ótima exposição sobre a relação do literato Lima Barreto e sua obra "Numa e a Ninfa" com o momento histórico a qual foi produzida, este romance é pouco conhecido pelo público em geral, mas como disse bem nosso palestrante é "uma preciosidade para nós historiadores" por ser uma ótima apresentação do contexto político - social das primeiras décadas dos anos 1900, envolvendo a (Campanha Civilista).

O autor

Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro a 13 de maio de 1881 e morreu na mesma cidade a 1° de Novembro de 1922. Filho de um tipógrafo da Imprensa Nacional e de uma professora pública. Mestiço de nascença e foi iniciado nos estudos pela própria mãe, que perdeu aos 7 anos de idade.

Lima Barreto costuma ser enquadrado pelos estudiosos da literatura como representante do movimento pré-modernista, que reuniu um tipo de produção com pretensão crítico-social. Oposto a maioria de seus contemporâneos Lima conferia as suas obras ficcional o sentido militante de uma missão social de “contribuir para a felicidade de um povo, de uma nação, de uma humanidade”. Sempre com a política como seu principal tema de abordagem.

A campanha de Rui Barbosa à Presidência da República, em 1910, ficou conhecida como Campanha Civilista, uma oposição civil à candidatura militar do Marechal Hermes da Fonseca. Rui Barbosa percorreu o Brasil em busca de apoio popular, fato até então inédito na vida republicana brasileira. Hermes da Fonseca venceu as eleições, em um processo eleitoral viciado e suspeito.
Obtido em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Campanha_civilista

Seguindo este raciocínio é notório como afirma Rogério Rosa que esta obra em particular tem um caráter provocativo e denunciador da situação da sociedade brasileira neste exato momento. A crítica aqui a se ver é a manipulação dos atores políticos-sociais em diversos momentos em prol de obtenção de subjetividades sociais, políticas e econômicas.

Minha intenção aqui não é detalhar a obra, isto ficará a cargo de você leitor, buscar nas paginas do livro o sabor da leitura. Mas devo salientar a abordagem feita pelo então pesquisador que numa análise das relações de poder numa visão foucoutiana vai evidenciar as relações de poder na sociedade em questão, estando a prova o papel da mulher, e a busca pelos indivíduos (personagens) de status social.

Nesta mesma direção seguiu a palestra do Prof. Dr. Fábio Murici dos Santos, agora fazendo uma análise sobre Machado de Assis e as visões de críticos literários sobre as obras literárias machadianas.

O autor

Machado de Assis (Joaquim Maria M. de A.), jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo. Nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 21 de junho de 1839, e faleceu também no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1908. É o fundador da Cadeira nº. 23 da Academia Brasileira de Letras.

Ocupou por mais de dez anos a presidência da Academia, que passou a ser chamada também de Casa de Machado de Assis. Filho do operário Francisco José de Assis e de Maria Leopoldina Machado de Assis, perdeu a mãe muito cedo, pouco mais se conhecendo de sua infância e início da adolescência.

A obra de Machado citada pelo palestrante é "Quincas Borba". A História gira em torno da vida de Rubião, amigo e enfermeiro particular do filósofo Quincas Borba (maruja em "MP de BC"-1881). Quincas Borba vivia em Barbacena e era muito rico, e ao morrer deixa ao amigo toda a sua fortuna herdada de seu último parente. Trocando a pacata vida provinciana pela agitação da corte, Rubião muda-se para o Rio de Janeiro, após a morte de seu amigo, causado por infecção pulmonar. Leva consigo o cão, também chamado de Quincas Borba, que pertencera ao filósofo e do qual deveria cuidar sob a pena de perder a herança. Durante a viagem de trem para o Rio de Janeiro, Rubião conhece o casal Sofia e Palha, que logo percebem estar diante de um rico e ingênuo provinciano. Atraído pela amabilidade do casal e, sobretudo, pela beleza de Sofia, Rubião passa freqüentar a casa deles, confiando cegamente no novo amigo.
Obtido em: http://pt.shvoong.com/books/romance/1727318-quincas-borda/

A questão crítica posta pelo Dr. Fábio Murici é que, alguns críticos literários não enxergam em Machado e suas obras uma exposição de valores tipicamente brasileiros, como cultura, etnias, fauna, flora e outros. Logo está entre eles Silvio Romero. Sílvio Romero, autor de Machado de Assis: Estudo Comparativo de Literatura Brasileira, valendo-se de teorias deterministas, em que fisiologia e raça baseiam o juízo sobre o escritor, para açoitar o autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas. e outras grandes obras de valores imensuráveis para a Literatura e a História do Brasil. "As críticas de Sílvio Romero são ataques que beiram a maldade pessoal", diz Fábio Murici, que defende firme a nacionalidade machadiana e confirma ser feita por Machado em suas obras uma forte denuncia a uma sociedade alienada, individualista, e totalmente voltada aos valores europeus, dando exemplos de trechos da obra Quincas Borda.

A conclusão deste desfecho esta na seguinte colocação e comparação aferida por nossos palestrantes.

Lima Barreto: Autor pouco criticado e lido ainda nos dias atuais, não reconhecido em vida, de pele escura sofreu todos os preconceitos possíveis ao ser humano, pagou o preço por não seguir e não querer se enquadrar nos moldes de escritas da época, possui uma obra riquíssima e que deve ser considerada pela História como fonte para aplicações em novos estudos históricos...

Machado de Assis: Ao contrário de seu contemporâneo, é muito lido, com seus moldes estava dentro do padrão de escritas da época, no entanto também de origem "pobre", pele escura, mas, reconhecido na sociedade brasileira e sendo lido e criticado por autores do mundo todo, Machado foi fundador da Academia Brasileira de Letras entre outros inusitados feitos em vida e pós-morte...

Os palestrantes

Rogério Rosa Rodrigues
Doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2008). Possui graduação em História pela Universidade do Estado de Santa Catarina (1998) e mestrado em História Cultural pela Universidade Federal de Santa Catarina (2001). Atualmente é professor Assistente de Teoria e Metodologia da História da Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, Bahia. Tem experiência na área de Ensino de História, com ênfase em Teoria e Metodologia da História e História do Brasil, e pesquisa relacionada aos seguintes temas: Guerra do Contestado, História militar, história política, fotografia e história, história e memória. http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4794736Z3

Fábio Murici dos Santos

Doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2004). Atua principalmente nos seguintes temas: Oliveira Lima, José Enrique Rodó, José Martí, mito da América, Iberísmo e americanismo e Estados Unidos.
http://www.ufes.br/%7Edephis/activeNews_categories.asp?catID=4


Muito obrigado

(Lucimar Simon)

3 comentários:

  1. HUmm...mto legal...vc está escrevendo mto bem viu...nao vale querer roubar meu emprego...hunf!!

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  2. Parabén pela iniciativa do projeto, Lucimar. Rompendo barreiras, sempre.

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  3. Caro Lucimar
    Fico honrado com os elogios e o parabenizo pela bela síntese feita das falas. É muito bom verificar alunos trabalhando em uma escrita acessível com olhares voltados para além além das paredes da academia.

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