Texto: AMOR NUMA TULIPA

AMOR NUMA TULIPA

Como explicar e conviver com isto? Não sei. Amores fatais. Paixões devastadoras. Sangue e lágrimas. Suicídios e assassinatos... Parece que tudo isso pertence à história, que nós, super-homens e supermulheres da aldeia global, imersos na era da comunicação a todo custo, já somos educados e sabemos controlar nossos desvarios e devaneios. Como sustentar nossas loucuras? Como nos manter tão lúcidos, a ponto de sermos loucos o suficiente para levar a cabo numa vasta, tão curta lembrança de sopro de vida? Nós, nos perdemos em busca de algo. Vivemos numa época estranha, em que perseguimos sonhos de paixões eternas, mas nos conformamos com amores efêmeros. Como somos? Como queremos? Como vivemos? Arrastados pelo turbilhão do sempre mais rápido, os amores começam e acabam via Internet. O amor solúvel substituiu o amor absoluto. De quem é a culpa? Do feminismo, da pílula e da lei do aborto? Da educação sexual, do divórcio fácil e dos compromissos que deveriam ser eternos e não são? Da queda dos tabus? Da liberalidade dos pais? O sexo e o adultério já perderam parte de seu mórbido atrativo, e o doce encanto do fruto proibido, que despertou tantas paixões reais e fictícias, desapareceu? Não sei, mas o amor era mais amor no passado? E hoje o que é?

Ps: Em diversos textos sempre prezei muito pelo ponto de interrogação, não sei se posso ou se devo, mas também, para que ser tão claro, para que fornecer respostas, não posso? Não devo? Acho que simplesmente as palavras ficam mais belas seguidas de uma “?”, ou varias interrogações, afinal meu objetivo talvez não seja fornecer respostas e sim fazer perguntas. Será? Será este mesmo o objetivo?

(Lucimar Simon)