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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Texto: AINDA SOBRE CLARICE E SUA OBRA

AINDA SOBRE CLARICE E SUA OBRA

Sentindo dores constantes, Macabéa vai ao médico e descobre que tem tuberculose, mas não conta a ninguém. Glória percebe a tristeza da colega e a aconselha a buscar consolo numa cartomante. Madame Carlota prevê um futuro feliz, que viria de um estrangeiro que ela conheceria assim que ela saísse daquela casa, homem louro com quem casaria. De certa forma, é o que acontece: ao sair da casa da cartomante, Macabéa é atropelada por um homem que dirigia um luxuoso Mercedes-Benz e acaba morrendo. Esta é a sua "hora da estrela", momento de libertação para alguém que, afinal, "vivia numa cidade toda feita contra ela".

Além da história de Macabéa, encontramos no romance a história de Rodrigo S. M., o narrador, e a descrição do processo criativo (discurso metalingüístico). Rodrigo e Macabéa não fazem parte do mesmo espaço periférico, esta por sua condição de retirante e aquele por ser visto com maus olhos pela classe média e não conseguir alcançar pessoas como Macabéa.

Toda a expressão do texto é para se explicar. Rodrigo acaba priorizando o relato dos recursos textuais a falar de Macabéa, que ironicamente só ganha papel de destaque perto da hora de sua morte. É nesse ponto que compreendemos o significado do título: A hora da estrela é a hora da nossa morte, pois, nesse momento, o ser humano deixa de ser invisível às pessoas, que percebem que ele existe apenas quando já não existe mais.

Clarice adota discurso regionalista em A hora da estrela, algo incomum em suas obras. Através da personagem Macabéa, a autora descreve uma nordestina que tenta escapar da miséria e do subdesenvolvimento, abandonando Alagoas pela possibilidade de melhores condições de vida no Rio de Janeiro. Clarice foi muitas vezes criticada por se afastar da literatura regional emergente do modernismo. Em A hora da estrela, ela foge do "hermetismo" característico de suas primeiras obras e alia sua linguagem à vertente regionalista da segunda geração do modernismo brasileiro. Na época da publicação, o crítico literário Eduardo Portella falou do surgimento de uma "nova Clarice", com uma narrativa extrovertida e "o coração selvagem comprometido com a situação do Nordeste brasileiro".

A hora da estrela é uma obra-prima da literatura brasileira, principalmente, pelas reflexões de Rodrigo sobre o ato de escrever, sua própria vida e a anti-heroína Macabéa. Clarice comentou sobre A Hora da Estrela em sua única entrevista televisionada, concedida em fevereiro de 1977 ao reporter Júlio Lerner para a TV Cultura, de São Paulo. Na entrevista, ela menciona que acabara de completar um livro com "treze nomes, treze títulos", embora ela tenha se recusado a citá-los. Ela diz, que o livro é "a história de uma moça, tão pobre que só comia cachorro quente. Mas a história não é isso, é sobre uma inocência pisada, de uma miséria anônima." Na mesma entrevista, Clarice diz que usou como referência para Macabéa a sua própria infância no nordeste brasileiro, além de uma visita a um aterro onde nordestinos se reuniam em São Cristóvão. Ela diz ter sido neste aterro que ela capturou "o ar meio perdido" do nordestino na cidade do Rio de Janeiro. Outra insipiração para a trama do livro foi uma visita que Clarice fez a uma cartomante. Na época, ela imaginou como "seria engraçado" se na saída, ela fosse atropelada por um taxi depois de ouvir todas coisas boas que a cartomante previra.

A novela foi escrita à mão em diversos fragmentos de papel, a partir dos quais Lispector, com a ajuda da sua secretária Olga Borelli, compôs a versão final do romance. O livro foi publicado em 26 de outubro de 1977, pouco antes da autora ingressar no hospital do INPS da Lagoa, no Rio de Janeiro.

Retirado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Hora_da_Estrela
Retirado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Clarice_Lispector

(Lucimar Simon)

3 comentários:

  1. Não acreditooooooooo
    vc contou o final do livro
    Buaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
    :(
    Bem mas voltando ao assunto, este livro assim como todos os textos de Clarice, nós faz refletir sobre a vida, quantas vezes só percebemos o quanto uma pessoa nos é importante quando a perdemos???
    Não só atraves da morte, mas de um termino de namoro ou de compromisso, ao perder uma amizade, ou atravez de uma mudança...enfim muitas vezes somos assim, como sempre humanos...
    na maioria das vezes só valorizamos depois que perdemos...
    Beijos...

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  2. Val, este livro esta longe de ser contado seu fim, e teus segredos intrinsecos sao muito atrativos, leia o livro e vc vera que ainda ah muito que desvendar sobre a vida de Macabeia... e o que clarice queria passar com essa obra.

    beijos

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  3. Lucimar Simon, toda mulher é fã de Clarice e vc vem aqui fazer nossa alegria publicando sobre ela, adoro sua iniciativa, de volta com a corda toda, saudade de vc. e as aulas segunda vamos?

    beijos

    Rose by Claudinha

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