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quinta-feira, 2 de abril de 2009

Texto: DENÚNCIA

DENÚNCIA

Incrível como isso ainda ocorre nos dias de hoje, porém revivendo estes momentos questionamos os nossos valores como seres humanos, ainda somos escravizados e escravizamos as pessoas, até quando isso será visto neste mundo tão desigual? Até quando?

Os empregados libertados têm entre 25 e 50 anos. Alguns viviam há 20 anos nesse regime. É o caso de Sebastião Inácio de Oliveira, de 48 anos. "Quando vim pra cá o combinado era R$ 15,00 por dia. Mas nunca recebi nenhum dinheiro. Cuido do gado, da lavoura e faço todos os serviços da casa. Sempre trabalhamos de segunda á sábado. Nem podíamos ter família aqui", lamenta.

Durante seis anos o trabalhador Avelino Cabral da Silva, 55 anos, ficou na propriedade fazendo todo o serviço na roça. Aos fiscais do Ministério do Trabalho ele contou que chegava a apanhar para trabalhar. No alojamento que morava, espaço reduzido, fogão a lenha e para dormir nenhum colchão. O trabalhador dormia no chão. "Aqui onde eu ficava pegava comida lá no armazém e nesse tempo todo que fiquei aqui nunca recebi nada", conta.

O Ministério Público Federal no Espírito Santo (MPF/ES) denunciou os fazendeiros Peres Vieira de Gouvêa e Peres Vieira de Gouvêa Filho por terem submetido sete trabalhadores a condição análoga a de escravos na Fazenda Jerusalém, em Alegre, no sul do estado. Os dois também vão responder pela prática do crime de frustração de direitos trabalhistas. Peres Vieira de Gouvêa Filho ainda foi denunciado por lesão corporal.


No último dia 16 de março, fiscalização conjunta realizada pelo Ministério Público do Trabalho, pela Polícia Federal e pelo Ministério do Trabalho e Emprego constatou que pai e filho mantinham na fazenda seis pessoas em regime de escravidão trabalhando em lavouras de café, feijão e milho. Eles não recebiam salários e adquiriam comida, bebida alcoólica e cigarros junto aos proprietários da fazenda. Os documentos pessoais dos trabalhadores também ficavam retidos para que eles não pudessem deixar a fazenda.


Segundo a denúncia, os trabalhadores tinham condições de trabalho degradantes. Eram submetidos á jornada exaustiva e a trabalho forçado, tinham o direito de locomoção restringido, e suas carteiras de trabalho e os salários eram retidos. Os seis trabalhadores foram resgatados no dia 16 de março. De acordo com o procurador Djailson Martins Rocha, da Procuradoria do Trabalho de Cachoeiro de Itapemirim, também no Sul do Estado, a situação era degradante. "Os alojamentos são de uma forma subumana, que nem animal. Até uma jaula de zoológico é mais digna. Dormiam sem colchão, no chão, alguns foram agredidos pelo empregador".


A operação levou à prisão em flagrante do filho do proprietário das terras. Peres Vieira de Gouveia, 46 anos, pode pegar de 3 a 8 anos de prisão. Ele era o responsável pelo gerenciamento dos empregados, mas o pai dele também vai ser processado. Um inquérito deve ser aberto pela Polícia Federal e encaminhado ao Ministério Público Federal, para que seja ajuizada uma ação contra os donos da fazenda.


O resgate dos empregados aconteceu somente depois de uma denúncia feita por um adolescente que, após ser agredido pelo proprietário, conseguiu fugir da fazenda e acionar o Conselho Tutelar da cidade. Após a denúncia, ainda no ano passado, as investigações começaram.Depois de resgatados, os trabalhadores prestaram depoimento no Ministério Público de Alegre. Eles não voltarão à propriedade e ficarão alojados em casas alugadas pela prefeitura do município. Além disso, deve receber um seguro-desemprego especial, o seguro-desemprego resgate.


O Ministério Público do Trabalho espera que os bens dos proprietários sejam utilizados para ressarcir os trabalhadores.Além da situação em que mantinha os trabalhadores, o filho do proprietário da fazenda é acusado de um homicídio ocorrido em 1995, com requintes de crueldade. O pai dele também relatou à polícia crimes que teria cometido nos últimos anos. O procurador do trabalho descreveu a mentalidade da família como "feudal".

(Lucimar Simon)

Um comentário:

  1. Caraca, serio isso? poxa tao perto, tenho que tomar cuidado, sou da cor ne?
    srsrsrsr
    triste essa realidade ainda assombrar nosso mundo, nosso pais.

    otimo texto

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