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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Texto: VIDA E SOCIEDADE

VIDA E SOCIEDADE

Em 2005 quando ainda estudava para o vestibular, peguei um trabalho temporário como promotor de vendas em uma marca famosa do Estado. Promotor de vendas é a pessoa que vai de loja em loja vendo como estão postos os produtos nas gôndolas dos supermercados. Em um dia dos muitos corridos que eram os meus, parei para almoçar em um restaurante simples no centro de Vila Velha. Para fazer toda a rota teria sempre que almoçar em 10 minutos. Meu PF chegou, olhei e me debrucei ferozmente sobre ele. A frente da minha mesa tinha um senhor também saboreando seu ensopado. Quando terminava já meu almoço com uma media recorde de 4 minutos, o senhor se aproximou.
Você serviu no exército meu filho?
Levantei rapidamente a cabeça, o fitei e num impulso respondi.
Não senhor! Eu não servir no exército.
Curioso questionei o motivo da pergunta.
Ele respondeu:
Vi você comendo, come rápido e a gente aprende a comer assim no exército.
Dei um pequeno sorriso.
Ele sorriu de volta e perguntou.
Porque sorrir meu jovem?
Então eu disse:
Aprendi a comer rápido assim aos 6 anos de idade senhor.
Ele se assustou!
Como assim?
Quando eu tinha 6 anos senhor, minha mãe não tinha em seu armário de cozinha muitos pratos, creio na verdade que nenhum.
Ele repetiu.
Como assim, meu jovem?
Minha mãe senhor, colocava em uma bandeja: feijão, arroz e um ovo frito para eu e mais 2 irmãos e era a única refeição do dia.
Ele sorriu, e seu semblante mudou, tocou em meu ombro e disse:
Tenha um bom trabalho meu jovem.

Hoje almocei no RU (Restaurante Universitário), normalmente todos os dias faço minhas refeições nesse espaço. Hoje meu dia foi pura correria, penso que bati o recorde dos 4 minutos de 2005. recordei desse fato. Coisa curiosa é que avaliando o cotidiano percebi que geralmente não passo dos 10 minutos dentro do RU, a não ser que esteja acompanhado de um ou outro colega de UFES. Porque, mesmo que raríssimas vezes não tendo que correr para almoçar não passo de 10 minutos dentro do RU? Será mesmo que ainda penso que disputo o ovo frito com meus irmãos? Será que ainda penso que colherada por colherada salvo meu estomago mais cheio que os outros? Não sei.

Acordei 7:00 da manhã, tomei um banho, não tomei café, fui para a SRE Praia do Canto, 8:45 adentrava os portões. Contrato assinado. 10:30. Partir, SETPES, Santa Lúcia. 11:00, saldo da conta Banestes. 11:45 adentrava os portões do RU. 12:00, escovava os dentes. 12:28 PROEX. 12:45 ônibus. Partiu, CAS, Santo Antônio, 13:20, um sorriso amigo. Direção, papel, papel na mão. !3:30, saia do CAS. 13:35, vi uma mulher com o pescoço decapitado próximo ao Sambão do Povo. !3:45 entrava no Centro de Especialidade de Vitória. 13:48, meu dedo era imprensado na porta externa do elevador. 14:00 confirmação e muita dor antes da consulta, bato pato com amigos no face. Ai meu dedo. Porque eu fui tentar segurar aquela idosa que ia se esborrachar toda dentro do elevador? Enquanto a segurava, sem apoio a porta travou meu dedo. Que inferno de dor horrível. 14:40 estou dentro do consultório. “Putaquilamerda”, a doutora é bonita, mas é fanhosa. Diagnosticado, receita e atestado na mão. Partiu Itaquari, entrevista na SEME, está bem. 16:00 preenche ficha. 16:45, transcol, jantar na Ufes, 17:45, 17:55 no banheiro escovando os dentes. 18:10 dentro da sala de aula. Espanhol até as 22:00, ônibus as 22:15, em casa 22: 30, banho, água, TV, texto. Fim.

(Lucimar Simon)

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